Para muitas pessoas ter de enfrentar o período de final de ano pode ser desafiador e despertar sentimentos diversos, como a ansiedade e a tristeza. Se você se identificou, então fique por aqui. A seguir vou te mostrar 4 estratégias que vão ser úteis pra você lidar com esta época sem surtar!
Fim de ano costuma trazer uma enxurrada de emoções – memórias, cobranças e aquele olhar crítico sobre tudo o que (não) aconteceu. Pode ser um momento especialmente difícil para quem já lida com ansiedade, e eu sei o quanto isso pode ser desafiador.
Como psicóloga clínica especializada em saúde mental para mulheres, já acompanhei de perto como essa época desperta ansiedade e tristeza em muitas de nós. As expectativas e cobranças sociais, somadas à nossa própria busca por perfeição, podem transformar o final de ano em um período de exaustão e inquietação.
Um erro comum é tentar “forçar” a felicidade ou buscar distrações sem enfrentar as emoções que vêm à tona. E é justamente aí que quero te ajudar: minha proposta é que, em vez de fugir desses sentimentos, gostaríamos de acolhê-los e entender o que eles realmente significam.
Vou compartilhar agora 4 estratégias práticas e acolhedoras que podem fazer toda a diferença para você passar por essa fase de forma mais leve e tranquila.
1 - Entenda o por que esses sentimentos podem surgir
O fim do ano pode ser um período repleto de expectativas, lembranças e revisões pessoais. Somos incentivadas a comemorar, celebrar, e fazer balanços do que alcançamos. Ao mesmo tempo, essa época também pode despertar sentimentos de ansiedade e tristeza – o que, acredite, é uma experiência muito comum. Há várias razões pelas quais tantas pessoas sentiram essa carga emocional nos últimos meses do ano.
Para muitas, o encerramento de um ciclo traz à tona reflexões sobre o que não foi realizado, sobre as perdas que enfrentaram ou sobre o que desejariam ter feito diferente. Isso sem falar na pressão para demonstrar felicidade e sucesso, seja nas redes sociais ou nas reuniões em família, o que gera ainda mais ansiedade. Um peso que recai especialmente sobre os ombros das mulheres, que já carregam tantas expectativas sociais.
Esses sentimentos são intensificados pelo cansaço acumulado e pelas demandas emocionais das festas. Então se você se sente ansiosa, exausta ou melancólica ao final do ano, saiba que não está sozinha. Reconhecer essa experiência sem julgamentos é o primeiro passo para entender que ela é uma resposta humana e legítima, especialmente diante das experiências que atravessamos ao longo do ano.
Lembre-se: Acolher e entender esses sentimentos é o ponto de partida para transformar esse momento em algo mais leve e significativo para você.
2 - Como reconhecer e acolher seus sentimentos sem julgamentos
Como eu disse antes essa época desperta em nós uma mistura complexa de emoções. Sentir tristeza, ansiedade ou uma nostalgia intensa pode ser desconfortável, mas a primeira atitude para aliviar o peso é dar espaço para esses sentimentos sem julgamentos.
Pergunte-se: “O que minha ansiedade ou tristeza quer me mostrar agora?”, "Pra que ou para quem ela está servindo?" Muitas vezes, essas emoções refletem expectativas não cumpridas ou experiências que ainda ressoam dentro de nós. Quando permitimos que esses sentimentos existam sem nos cobrarmos para "superá-los", eles perdem um pouco do peso que carregam. Como aponta um estudo a seguir.
"A limitação das emoções difíceis e o ato de reconhecê-las como naturais podem ajudar a reduzir a intensidade da ansiedade e da tristeza, ao contrário da repressão dessas emoções, que pode aumentar a angústia.." - American Psychological Association
Dica prática: Reserve alguns minutos para escrever livremente sobre o que você está sentindo. Essa prática pode você organizar pensamentos e ajudar o que vem à tona.
3 - Evite comparações e as cobranças internas
As redes sociais e os encontros de fim de ano podem facilmente nos levar a se comparar com outras pessoas. Sempre tem alguém pra reparar seu corpo, cabelo, vida amorosa e por aí vai! Quem nunca ouviu algum comentário do tipo que atire a primeira pedra!
Mas, antes de cair na armadilha da comparação, pergunte-se: "De onde vêm essas cobranças? São metas sinceras ou reflexos das expectativas externas? Se eu fosse um homem eu estaria me questionando ou sendo cobrada sobre isso?" Diversos estudos mostram que a comparação social excessiva pode aumentar a ansiedade e a insatisfação. As comparações constantes estão diretamente ligadas ao estresse e à diminuição da autoestima, principalmente entre nós, mulheres. Então fique atenta e não absorva demandas que não são tuas.
Dica prática: Escreva três conquistas pessoais deste ano que trouxeram satisfação para você, sem se preocupar com os padrões de “sucesso” dos outros.
4 - Cuidado com a sobrecarga
É importante reconhecer que o fim do ano muitas vezes traz uma carga extra para as mulheres. Afinal, somos frequentemente sobrecarregados com as expectativas sociais e familiares. Desde a responsabilidade de organizar as celebrações até as cobranças invisíveis do cuidado com os outros, muitas vezes deixamos nossos próprios sentimentos e necessidades em segundo plano.
Isso ocorre dentro de um sistema patriarcal que, por muitas vezes, exige que sejamos multitarefas e que "demos conta de tudo", sem espaço para nossa vulnerabilidade ou descanso. Ao olharmos criticamente para esse padrão, é fundamental entendermos que não precisamos ser supermulheres, e não devemos normalizar o esgotamento como parte de nossa realidade.
Como sabemos hoje a sobrecarga feminina não é uma escolha, mas sim uma construção social que limita o bem-estar das mulheres. Não há problema em precisar de descanso, ajuda ou tempo para si mesma.
Dica prática: Permita-se dizer "não". Estabeleça limites claros sobre o que você pode ou não fazer, sem a culpa de estar "falhando" por não abraçar todas as responsabilidades.
5 - Valorize seu autocuidado de forma Realista, não idealizada
O autocuidado nunca deve ser visto como uma tarefa simples ou apenas um momento de “spa” quando uma mulher está sobrecarregada. Esse conceito muitas vezes é romantizado, mas a verdade é que, no mundo machista e patriarcal em que vivemos, o autocuidado precisa ser mais do que uma prática esporádica de prazer; ele precisa ser estruturado como uma forma de resistência, de reconhecimento de que nossa saúde mental e emocional é tão importante quanto qualquer outra demanda externa.
O autocuidado realista, neste contexto, passa por considerar suas limitações e dar-se permissão para descansar, priorizar-se e se distanciar das responsabilidades que não são suas. Isso envolve, por exemplo, delegar tarefas quando possível, compartilhar responsabilidades com outras pessoas da casa e entender que, ao cuidar de você mesmo, está criando um ambiente mais saudável para todos à sua volta.
Como propõe a escritora e pesquisadora Valeska Zanello, o autocuidado verdadeiro precisa ser uma prática libertadora e não mais uma cobrança dentro da infinita lista de tarefas que as mulheres são forçadas a realizar.
Dica prática: Pergunte-se: “O que, neste momento, seria um ato de autocuidado genuíno para mim?”. Pode ser algo simples como descansar, ler, assistir, pedir ajuda, ou até mesmo tirar um tempo para se reorganizar emocionalmente ou respirar em um momento de tensão.
Conclusão
Como vimos o fim de ano pode trazer desafios emocionais, especialmente para nós, mulheres, que frequentemente carregamos uma sobrecarga de responsabilidades. Mas, ao considerar nossas limitações e priorizar o autocuidado, conseguimos lidar melhor com esse período. Lembre-se: cuidar de si mesma é essencial, não um luxo.
Se você sente que o final do ano desperta em você sentimentos difíceis de lidar sozinha, saiba que na terapia você encontrará um espaço acolhedor para trabalhar essas questões.
Estou aqui para te ajudar. Vamos juntas construir um novo ano mais leve e em sintonia com quem você realmente é. Fale comigo clicando no botão abaixo!